Oitava Colina

Blog nada a ver, só por distração...

8/27/2006

Uma tarde de domingo com sustos


Hoje é domingo, dia de descanso; e foi isso que eu fiz, e nada melhor pra relaxar e preparar o espírito pra semana que se inicia do que ver um filminho no cinema. Pois bem, pensando nisso, assisti ao filme do cartaz acima. Ficha técnica e sinopse rápida aqui: http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/assombracao/assombracao.asp
Se é bom? Sim, especialmente se você, como eu, adora filmes de terror e suspense. Vamos ao comentário.
O filme conta a história de uma escritora famosa que está sobre pressão sobre dois aspectos: no lado profissional, tem de enfrentar o fato de que seu agente soltou sem querer à imprensa a informação de que ela está escrevendo um novo romance, e agora ela tem que terminá-lo. E no lado pessoal, ela recebe a insistência de um ex-amante que retorna para lhe pedir uma nova chance.
Pois bem, enquanto tem que encarar esses problemas, ela percebe que há algo estranho acontecendo enquanto ela escreve o livro. Sombras, telefonemas sinistros, rajadas de vento vindas do nada, fios de cabelos na banheira... estão lembrados de O grito e O chamado? Então as semelhanças acabam aí; daqui pra frente, o mero terror dá lugar a uma trama muito interessante.
Aos poucos, ela percebe que os eventos estranhos tem a ver com aquilo que ela escreve - ou deixa de escrever, o que será de fundamental importância no decorrer da trama. De repente, ela acaba adentrando num universo paralelo, um universo caótico, escuro e despedaçado, cheio de mortos-vivos, que se modifica profundamente a cada momento, mas com um elemento principal: a presença de uma criatura sinistra, sem rosto, que persegue a jovem escritora a todo instante.
Mas no meio de todo esse caos, surge a figura de uma garotinha que busca ajudar a protagonista a sair desse mundo ao qual ela não pertence - ou, pelo menos, ajudá-la a desvendar os mistérios por trás desse mundo. Numa jornada por várias fases fantásticas - mas ao mesmo tempo assustadoras - a garotinha revela o que é esse mundo: o mundo das coisas descartadas, das idéias jogadas fora, dos bebês abortados (esta cena é assustadora: vários fetos monstruosos pendurados numa espécie de útero sombrio, em forma de caverna), dos mortos esquecidos (já esta cena é comovente: as duas tentam passar pelos mortos distribuindo flores a cada um deles, símbolo da veneração). Todos esses elementos, juntos, revelam a tristeza, o sofrimento e a desolação causadas pelo abandono, e que resultam no ódio e na revolta das criaturas que vivem nesse ambiente. A sombra que assusta a escritora em seu apartamente é, na verdade, uma protagonista de um romance que a escritora não quis utilizar.
Depois de muitos percalços, a escritora chega ao lugar que seria a saída daquele mundo. Mas a surpresa - ou golpe - final é saber quem é a garotinha: é a filha da escritora. Uma filha que não nasceu, porque fora abortada há 8 anos atrás, e agora queria saber por que sua mãe a rejeitara. Uma cena tocante, porque envolve a complicada atitude do perdão e do arrependimento. As duas não podem estar juntas, porque uma é real, e a outra é uma criatura abandonada, fadada a estar eternamente naquele mundo.
O final é meio que reticente, com várias interpretações possíveis. Eu diria que tem muito a ver com a relação entre a literatura e o autor: de alguma forma um se sente ligado ao outro, ou seja, o autor se sente uma personagem de sua obra; nesse filme, essa relação foi muito além, o que fez com que a escritora se tornasse parte de seu romance, mas de tal maneira que se torna impossível dissociar-se dele.

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Filme de terror sem uma gota de sangue!!!!! E nem por isso deixei de dar meus pulos na cadeira... hehehe!!!!