Oitava Colina

Blog nada a ver, só por distração...

11/02/2006

Sobre mortos e livros

Hoje é feriado, dia de finados. Dia de relembrar aqueles que se foram, e que, pelo menos em tese, não devem ser esquecidos.
Por que o "pelo menos em tese"? Ora, porque mais inexplicável que a morte é a vida, em especial certas atitudes de muitos vivos; enquanto pessoas são choradas e idolatradas ao extremo, chegando ao ponto de terem seus túmulos transformados em monumentos, outras são simplesmente esquecidas. Sim, esquecidas. Vou dar um pequeno exemplo... no cemitério da minha cidade, podemos ver muitos túmulos arrumados, lavados, com flores e velas frescas, sinais de que alguém esteve ali para honrar a memória de seu ente falecido. Por outro lado... é triste ver que alguns sepulcros - sejam eles de mármore puro ou meras valas que mais se parecem montes de terra - estão quebrados, com as letras apagadas, com flores de plástico desbotadas, sujos. Sem ninguém. Sem nenhuma oração, nem vela, nem sombra de reconhecimento.
Alguns sobrenomes são conhecidos, outros não. Sempre me interessei em ver alguns túmulos onde foram sepultadas crianças - algumas recém nascidas - , túmulos estes ornamentados com anjinhos e flores de pedra. No entanto, sem ninguém. Entretanto, reconheço que, a julgar pelas datas, não deve ter sobrado mais ninguém daquelas famílias para contar a história desses "inocentes" (aproveitando-se de uma expressão bem antiga) que se foram antes de ser alguém. Triste... quem sabe se essas crianças não teriam se tornado pessoas importantes, não é?
Por outro lado, é o túmulo de uma criança falecida precocemente que é o mais visitado nesse cemitério, e é fácil de reconhecê-lo pela quantidade de brinquedos, doces, bilhetes e velas que nele são colocados. É onde repousa a Menina do Circo. Ninguém nunca procurou saber o nome dessa menina que veio para a cidade com a caravana de um circo, mais ou menos no início dos anos 80. Ela morreu por causa de um incêndio na barraca em que dormia (ou vazamento de gás, a causa da morte também nunca foi devidamente explicada), foi sepultada, o circo foi embora e o túmulo abandonado de repente virou alvo do imaginário popular. De vez em quando são celebradas missas pela Menina do Circo, que assim ficou conhecida.
Em todas as cidades devem haver casos como este, E também devem existir muitos túmulos sem ninguém. Portanto, nesse Finados, lembremos dos nossos mortos conhecidos, mas também não deixemos de dedicar um minuto de reflexão sobre aqueles que já se foram mas ninguém percebeu.

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E pra completar o assunto...

Aqui está uma lista de algumas pessoas que escreveram livros, dizendo o que fizeram e por que fizeram essas coisas:
John Dean, Henry Kissinger, Adolph Hitler, Caryl
Chessman, Jeb Magruder, Napolecto, Talleyrand, Disraeli,
Robert Zimmerman, também conhecido como Bob Dylan,
Locke, Charlton Heston, Errol Flynn, Aiatolá Khomeini,
Ghandhi, Charles Olson, Charles Colson, Um
Cavaleiro Vitoriano, Dr. X.
A maioria das pessoas acredita que Deus escreveu um Livro, ou Livros, dizendo o que fez e, pelo menos até certo
ponto, dizendo por que fez aquelas coisas. Como a maior parte dessas pessoas acredita que os homens são feitos à imagem de
Deus, Ele também pode ser encarado como uma pessoa... ou, mais adequadamente falando, uma Pessoa.
E aqui está uma lista de pessoas que não escreveram livros dizendo o que fizeram... e o que viram:
O homem que enterrou Hitler, o homem que fez a autôpsia de John Wilkes Booth, o homem que embalsamou
Elvis Presley, o homem que embalsamou (e mal segundo a maioria dos agentes funerários) o Papa João XXIII, os papa-defuntos
que limparam Jonestown (carregando sacos com cadáveres, arpoando copos de papel com aqueles arpões que os
guardas usam nos parques públicos, enxotando as moscas), o homem que cremou William Holden, o homem que cobriu de
ouro o corpo de Alexandre, o Grande, para que ele não apodrecesse, os homens que mumificavam os fara6s.
A morte é um mistério, o sepultamento um segredo.

Cemitério de animais (Pet Cemetery), daquele que sabe como deixar um leitor de cabelo em pé: Stephen King.